Minha vida no Convento


Contada em rimas:


Irmã Sulamita
(Carlinda Nunes de Brito)


Candidatas à Vida Religiosa


Minha turma com a mestra irmã Aquinata Eibel
(em Natal - RN)

Com dias de experiência
Eu já era candidata
Já demonstrava vivência
Era uma coisa nata
E o dia determinado
 Para o noviciado
Era dois de fevereiro
Para o hábito receber
Só para Cristo viver
Como causa e amor primeiro

E busquei sem mágoa e dor
Nesta minha doação
Estender o meu amor
Ao próximo meu irmão
Procurei esquecer tudo
Dediquei-me ao estudo
E também a oração
Com fervor e alegria
Encontrando a cada dia
Da vida toda razão


E com naturalidade
Comecei aprofundar
E nem sentia saudade
Por longe dos meus estar
E fui me distanciando
Em outro clima entrando
Sempre alegre e dedicada
Àquela realidade
Vivendo a fraternidade
Perfeitamente engajada

Após um longo retiro
E muita reflexão
Era o dia me refiro
 Da solene vestição
A capela engalanada
E de flores perfumada
Com bastante assistentes
Sons de órgão e violino
"Sponsa Cristi" era o hino
Emocionando aos presentes


 (Vídeo, apenas, ilustrativo)



Após a cerimônia recebi o nome de "Irmã Sulamita"

O traje branco de noiva significava o casamento com Cristo, com a Igreja
Ao retornarmos ao dormitório, após a consagração, nossos cabelos foram cortados e vestimos o hábito (vestimenta religiosa) que havíamos recebido das mãos da Reverenda Madre Provincial.


De branco todas vestidas
Com grinalda e finos véus
Todas em prece unidas
Agradecíamos aos céus
Muitas graças e louvores
O altar cheio de flores
E de sírios crepitando
E a família reunida
Ante aquela nova vida
Que estávamos abraçando


Ali deixávamos tudo
O nome também mudávamos
Após meses de estudo
Tudo novo começávamos
Com muita sinceridade
Jurávamos fidelidade
Àquela Congregação
Pra no evangelho buscar
Forças pra vivenciar
O amor e a oração





Eu deixei de ser Carlinda
Pra ser Irmã Sulamita
Numa gratidão infinda
Por me sentir já escrita
Naquela Congregação
A vida era uma lição
De amor a conduzir
Em busca da perfeição
E da realização
Pra Jesus Cristo servir




E no meu noviciado
Com uma mestra polonesa
Todia era estudado
O princípio da pobreza
A vida de muitos santos
A ordem nos quatro cantos
O silêncio, a oração
Lemas de fraternidade
Vivência de caridade
Muito trabalho e unção


Como noviça passei
Dois anos de experiência
As normas assimilei
Em nome da obediência
Busquei na Teologia
Também na Filosofia
O sentido, a explicação
De ter tudo na pobreza
No meio até da riqueza
Pobreza era a profissão


A pobreza e obediência
E também a castidade
Eram notas de lealdade
E ponto de consciência
Com muita orientação
Também fé e oração
Podia-se realizar
Aquele estado de vida
Por tanta gente esquecida
E fácil de exercitar


Pra mim não tinha segredo
tudo era simples demais
Eu só tinha muito medo
de um dia voltar atrás
Muitas jovens desistiam
E para sair pediam
Outras se adaptavam
Demosntrando grande zelo
Trabalhando com desvelo
Pra casa jamais voltavam




Eu pensava estar segura
Na concha espiritual
Sob aquela estrutura
De vida tão fraternal
Eu não via sacrifício
naquele santo ofício
Por isso me perguntava:
- Fui mesmo por Deus chamada,
Para a vida consagrada?
As vezes desconfiava


E os jardins do convento
Convidavam à oração
Inspiravam sentimento
Que tocava o coração
Tinha um "quê" de poesia
Singeleza e harmonia
Com os planos elevados
Da espiritualidade
Onde o amor e a caridade
São os dons mais inspirados


Quando o sino da capela
De madrugada chamava
Eu deixava a minha sela
E prará lá me encaminhava
Pro ofício matinal
Nas mãos eu tinha o missal
No peito um crucifixo
Recitava o rosário
Em frente o Santo Sacrário
Diante um lume fixo



Casa Provincial Natal - RN
(no mesmo prédio do Colégio Nossa Senhora das Neves )


A tardinha se resava
O Ofício em Latim
E o "TE DEUM" se cantava
Nas varandas do jardim
Depois a meditação,
O silêncio, a emoção,
Invadiam o ambiente
Tudo falava de amor
Muita paz interior
Fazia-se ali presente


Canto Gregoriano - Te Deum Laudamus


Em Natal no Alecrim
Onde ficava o convento
No centro tinha um jardim
Com pinheiros ao relento
Ali estava a raíz
Da grande Casa Matriz
Da província do Brasil
Onde as irmãs estrangeiras
Nas paragens brasileiras
Instalaram seu redil

Era um pedaço da Áustria
Engastado no Brasil
Das estrangeiras a pátria
Neste solo tão ardil
Aliança de cultura
Se dava nesta mistura
Francisca Lechener expandiu
Para o Brasil enviou
Seu rebanho aqui ficou
E daqui jamais saiu

Nos fins de tarde serena
Era comum se ouvir
Uma música  de Viena
Por ali repercutir
Nos acordes de um violino
Danúbio Azul era o hino
Que expressava saudade
Daquelas que aqui vieram
E nesse Brasil quiseram
Viver em fraternidade



Orquestra Imperial - Valsa Danubio Azul





A turma do aspirantado com as noviças e suas respectivas mestras.
 A madre geral e os padres: Dom Nivaldo Monte e Dom Heitor 


O convento e o colégio
Eram os dois o mesmo lar
Ocupavam o mesmo prédio
Com varandas pra limpar
Era um trabalho pesado
Porém bem orientado
Quando as aulas terminavam
A quietude voltava
Nas preces se meditava
E silêncio e paz reinavam

Toda minha juventude
Dediquei com muito amor
E em cada atitude
Uma marca de fervor
Era muito estudiosa
E também atenciosa
Amava a Congregação
Das Filhas do Amor Divino
Sem esperar que o destino
Reservasse-me outra missão

Os três votos de pobreza
Castidade e obediência
Eu vivia com pureza
Cultivando toda essência
Daquela sublime vida
Nunca fiquei deprimida
Admirava as Irmãs
Mais velhas em oração
O fervor e a devoção
Naquelas calmas manhãs



Encontro das noviças do 1º e 2º ano. Após 1 ano de trabalho fora do noviciado, retornavam para estudo e reflexão com a mesma mestra. Em seguida, eram transferidas para outras casas da Província





Colação de Grau do curso ginasial  no Colégio Santa Terezinha, Caicó  - RN


Madre Auxiliadora Nóbrega, a Provincial mais humana, fraterna,
 amiga e caridosa que conheci na congregação.



Casa Matriz das Irmãs do Amor Divino em Jaquingasse, em Viena na Áustria.



POR AMOR ENTREI NO CONVENTO E POR AMOR EU SAÍ

Até que um dia chegou
Uma carta diferente
Que me desestruturou
Me deixou quase doente
Alguém assim me dizia
como era que eu vivia
Apregoando a verdade
Sem os meus pais ajudar
deixando muito faltar
Pra viver numa irmandade


E algum tempo fazia
Que os mesmos não visitava
Ir a passeio não podia
Só quando a norma mandava
Profundamente chocada
Me senti ameaçada
E fui lá de perto ver
Se tudo era verdadeiro
Tinha que pensar primeiro
Pra saber o que fazer


Chegando em casa encontrei
As coisas bem diferentes
Já não tinha o que deixei
Sítio, gado, nem sementes
Tudo havia acabado
Meu pai velho e cansado
Já de tanto labutar
Não perdia a esperança
De ver chegar a bonança
Pois quem espera sempre alcança
E o jeito era esperar


Com a tal carta concordei
Esse alguém tinha razão
estava fora da lei
Filial do coração
Como ajudar os de fora
Todo dia e toda hora?
Se os que me deram a vida
Precisavam dessa ajuda
A caridade não muda
A coisa era definida

Falei a provincial
 Da minha congregação
Grande alma sem igual
Que me deu uma lição
Considerada de luz
Que o heroísmo da cruz
Exigia sacrifício
E que lá fora a dureza
Me esperava com certeza
Eram os ossos do ofício


Eram os ossos do ofício
De quem na vida doava
Ouvia desde o início
E a consciência soava
Que as justas leis do Senhor
Sempre exigiam amor
Não me sentia capaz
Falar mais de caridade
Viver em fraternidade
Lá no meu mundo de paz


Voltei como doação
Para os meus pais ajudar
Era a única solução
Tinha que recomeçar
E foi tão difícil a lida
Mas não reclamo da vida
Que se por amor entrei
Foi por amor que saí



Colégio Nossa Senhora das Neves


Sendo eu já professora
Já passei a contratada
Como alfabetizadora
Pois estava preparada
Trabalhava os três horários
Pra conseguir honorários
E assim restabelecer
 O equilíbrio da família
Era a única como filha
Em condições de prover


Permaneci em Natal
A família toda veio
Me senti num vendaval
Sem poder sair do meio
Fazendo uma faculdade
Foi grande a dificuldade
Com salário magistério
Sem tempo para estudar
Tinha mais que trabalhar
E o problema foi sério



Com a colega Irmã Judite, por ocasião do vestibular unificado
 da Universidade Federal do Rio Grande do Norte na área de Psicologia Clínica, onde foram aproveitados os crédito já pagos no meu outro curso superior de Assistência Social.



Como professora do Pré-Escolar e Jardim da Infância



Meus alunos queridos!


E não foi fácil enfrentar
Tudo de cabeça erguida
Comecei a fraquejar
Por não encontrar saída
Mas encontrei uma gente
Que a tenho bem presente
Ana Lélia, Dona Lídia
Dr. Valtércio Bandeira
Família hospitaleira
Que a bondade irradia


Não somente Ana Lélia
Que em casa me acolheu
Lá de Açu Dona Ofélia
de mim não se esqueceu
Irmã Judite também
Dos limites foi além
Essa presença constante
Em todos os dissabores
Já que nem tudo foi flores
Nesse passado distante


Meus pais não se adptaram
E tiveram que voltar
As coisas se complicaram
tive que improvisar
uma outra solução
Naquela situação
Foi Ana Lélia Bandeira
A tábua da salvação
Me estendendo a mão
Com dedicação inteira


Com Dona Lídia morando
Não deixei a Faculdade
Continuei trabalhando
Com garra e dignidade
Para o dinheiro enviar
Para aos meus pais não faltar
Foi esta a fnalidade
De ter deixado o convento
E com este pensamento
Vivi a realidade


Com dois anos de ausência
Da família e do convento
Já sem muita paciência
As vezes  um casamento
 Sempre me aparecia
Só que eu não me sntia
Com esta disposição
Porém a vida é um drama
Em cada ato uma trama
No palco da encenação

Resolvi deixar Natal
Tentar a vida em Brasília
Pois não podia afinal
Mais um naquela família
Que já tinha feito tanto
Enxugando o meu pranto
Eu teria que lutar
Pela minha independência
Superar toda carência
E me reequilibrar

FICARAM PARA SEMPRE NO MEU CORAÇÃO:











A PRÓXIMA PÁGINA SERÁ DEDICADA A MINHA
VIDA EM BRASÍLIA, CAPITAL DO MEU PAÍS.

ASSISTA AO VIDEO ABAIXO, EM TELA GRANDE.
SÃO ARQUIVOS MEMORÁVEIS  DE MINHA PASSAGEM PELO CONVENTO
COMO IRMÃ SULAMITA .


(Não esqueça de desligar a caixa de som "Sertaneja", para ouvir a música do vídeo)



Obrigada, amigo (a), pela sua visita!




Um comentário:

Elielba Reis disse...

Ola Paz e Bem!! mim comoveu muito a sua caminhada de vida, e a sua garra e determinação, que Deus seja louvado e glorificado sempre, continue a sua brilhante caminhada, estarei em oração! deixou o meu email gostaria fe fazer algumas perguntas!! (eliatinha@hotmail.com). Abraço fraterno!